29 de março de 2015

Dia 1 ...

   Cem dias de felicidade...

   Talvez você também já tenha ouvido falar dessa proposta, ou visto a hashtag #100HappyDays em alguma foto ou post pelas redes sociais.

   Comprei minha edição da revista Vida Simples com o tema da matéria: O que você traz na bagagem. Já devem ter percebido o quanto eu ando reflexiva (mais do que o normal, o que já é bastante) a respeito de quem eu sou, como cheguei até aqui, minhas raízes, influências, percepção da vida... E me deparo com a matéria Cem dias de felicidade, com texto assinado por Adriana Rossatti, em que ela descreve a grata surpresa de, ao longo da vivência da experiência proposta pela Vida Simples, fotografando seus #100HappyDays, descobrir aspectos tão preciosos dos seus dias, que por tanto tempo, a ela mesmo, por vezes foram anônimos, deixados de lado, não valorizados. Pôde descobrir como as coisas simples, os detalhes, os companheiros de todos os dias, as histórias compartilhadas, encontros, sensações rotineiras, podem guardar tantas memórias, tantos sentimentos bons, tanto prazer, tanta riqueza...

   Senti uma vontade tão grande de aceitar o desafio, mas resisti um pouco, afinal sou daquela que não gosta de seguir modinhas, de fazer o que todos estão fazendo, e sabia que muita gente tinha embarcado nessa aventura. Mas também me lembrei de como é bom parar um poco de pensar no que os outros acham e olhar para o que eu quero, o que é importante pra mim. Então, se eu aceitasse o desafio seria também uma experiência gostosa pra mim, um exercício do jogo do contente, como me ensinou Pollyanna (Eleanor H. Porter, 1913).

   Cá estou eu, dando início a essa jornada, cem dias, cem passos rumo às belezas escondidas nos detalhes que deixamos escapar aos olhos. Escolhi desacelerar e fitar as canções que brotam dos silêncios e das turbulentas gritarias do transitar dos instantes em cada pequeno espaço de tempo. E acho que comecei de uma forma linda, revendo pedacinhos valiosos do meu passado, meus livros da infância, fotografias de uma menininha de sorriso largo e grandes sonhos, que já se achava gente grande mesmo tão pequena (sempre achei que fosse a adulta), retratos dos meus pais antes mesmo de se encontrarem e se unirem, cartas que escrevi, artesanatos que fiz com tanto carinho, recortes... e sabemos que uma visita assim significa muito mais do que apenas ver imagens, ou tocar em peças antigas.

   Assim foi meu início... um dia lindo, em família, com direito a pipoca e brigadeiro, sem esquecer os sorrisos e o calor do aconchego.

#Dia1
#SarahHappyDays
#100HappyDays


 Eu e meu papi... tinha 2 aninhos



23 de março de 2015

Lá vou eu



   Alguns anos atrás muitos questionamentos começaram a brotar... acerca de quem eu realmente sou, do que gosto, de como a construção do meu caráter se deu, no que realmente resultou todo o processo de vida.

   Nesses meus 27 anos, quase 28 (hihihi, nem acredito, quase 30), tantas lâmpadas foram acesas por tantos que talvez nem façam ideia da relevância que tiveram na formação desse eu que agora está aqui. Muitas lágrimas, quanta incerteza, sempre infindo o transitar veloz dos pensamentos, percepções, diversas construções da realidade no meu universo racional...

   E não é que nesse caminho eu pude encontrar dentro de mim o tracejado de um eu que, apesar de em constante aperfeiçoamento, tinha uma identidade real, viva, pulsante. Fui descobrindo uma mulher forte, completamente sensível, racional, idealizadora, com tanta fé, sedenta por vida, apaixonada pelo Dador da Vida, com sorriso de menina, intensa...

   Sim, essa sou eu... amadora na arte de se descobrir, que busca os tais passos firmes rumo ao futuro tão sonhado, cheio de cores, tardes gris, preto e branco, folhas ao vento, quintais, palavras dançantes e algumas escondidas nos cantos e baús... Uma mulher orgulhosa de sua origem, grata por suas raízes, pelos dias e dias ouvindo valsas, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Roxxete, Nazareth, Caetano com seus caracóis, Alcione nossa “Marrom”, The Stylistics, Simply Red... Michael Jackson com toda sua genialidade, The Manhattans, Bee Gees (S2), Tião Carreiro e Pardinho, Chitãozinho e Xororó, Zé Ramalho, Alceu Valença, Gilberto Gil, Elvis Presley, Pholhas, Bob Marley, Martinho da Vila, Jimmy Cliff, Tom Jobim, João Gilberto, Ney Matogrosso, Secos e Molhados... sempre no eterno e tão amado vinil. Muito outros... mas esses são os que me lembro agora.

   Amei descobrir meus cachos (meus caracóis), minha negritude, minha paixão pela cultura indígena, minha sede por escrever um livro, a vontade imensa de colecionar máquinas de escrever e máquinas fotográficas, de viajar pelo Brasil e descobrir as belezas de cada cantinho, e nesse passear comprar quantos discos puder... hehe... enfim...

   E agora estou aqui, falando sobre mim, me descobrindo ainda mais, querendo viver os #100HappyDays por todos os meus dias, os #30DiasMeAmando por todos os meses que virão... tecer minha história de paixão que nasceu do maior gesto de Amor possível (Jesus), amar como se não houvesse amanhã. Parece clichê? Talvez seja, “mas os clichês também são verdades”, como disse Adriana Rossatti.


 Então, lá vou eu...



14 de março de 2015

Ainda há vida



Transforma-se o amador na cousa amada
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada, 
que mais deseja o corpo de alcançar? 
Em si somente pode descansar, 
pois consigo tal alma está ligada. 

Mas esta linda e pura semidéia, 
que, como um acidente em seu sujeito, 
assim como a alma minha se conforma, 

está no pensamento como idéia: 
[e] o vivo e puro amor de que sou feito, 
como a matéria simples busca a forma.




Luís de Camões



***


Há algum tempo não escrevo e apenas passo por aqui, recordando, relendo, revivendo, num constante processo de reinvenção. Confesso a saudade que estava de continuar essa carta...

Deixo as pegadas na areia, talvez nunca me encontrem, mas pode ser que em algum instante se acheguem a mim ao seguir o perfume da alma desse eu...

Então sigamos...



#BemVindos