30 de novembro de 2015

Timbres distantes

Ainda consigo perceber o calor da tua presença em meu cruzeiro;
Infinda sensação de vazio e torpor anestesiam meus olhos...
O choro da noite passada que em rios transformou meu peito
Somente anuncia que no agora tuas mãos já não mais abraçam - frio.


Dias envoltos em palavras rotas pela paixão se deitaram, adormeceram
Fez-se a noite em estrelas desenhadas por sonhos e canções de ninar
E num devaneio cobriu o jardim - lençóis brancos e algumas pétalas de rosa
O silêncio, em pequenos passos, conheceu os cantos, o quarto, a cama...


Vivificar tal coração que ama seria teu anelo, mas perdeu-se noutros compassos
Timbres distantes tomaram teu colorido; teias de desvelo restaram - fotografia
Solitária verdade abre a porta, talvez ecos em brisa devolvam o perfume
E o doce sabor de café e canela que em mel veste meu presente com sorriso.


Manhã

Centelha de vida invadiu o vazio de um quarto sem cor,
Passarela de fotografias rotas e canções silenciosas,
E pintou de poesia os versos abandonados ao caos - guerra.

Sorrateiramente a bruma leve se achegou, um sorriso,
Pétalas cor d'uma tarde de outono cobriram os espaços
Inertes há séculos, prisioneiros do branco reinante - nada.

Pouco a pouco os feixes de luz se fizeram estrela e céu,
Numa chuva de castelos sabor romã e flores maduras - primavera.
Singelezas tornaram o gris em doce expressão da harmonia do nós.

Agora somos, num universo antes infindo, a eternidade,
Trazida pelas mãos do orvalho, que veste as manhãs em seda e mel;
E em sentir o toque do hoje é tecida a paixão - vida - oceano.





22 de novembro de 2015

Mar

Instantes que ressoam em meus ais
E no hoje permeiam os cantos da sala
Enfeitiçam os ponteiros donos do tempos
Ainda investidos de sombria alegria - tic tac

No dedilhar dos pequenos sons daquela noite
Somente o torpor é encorajado e dança
Melodias límpidas, vestidas de linho e seda;
Uma palavra e fez-se o trepidar de um coração - que ama.

Queria eu o despertar numa manhã de outono;
E cercar de calor a brisa amante - um beijo.
Perceber as nuances de algo que é eterno,
Olhar nos teus olhos o mar que abriga meu caos - céu.