9 de janeiro de 2019

Fruta doce

adjacências escondiam vestígios d'um temível e profundo silêncio
daqueles classificados entre os intangíveis, abraçados aos portais desgastados
ainda que o colorido saltasse aos olhos, as sombrias palavras permaneciam inertes
tal qual estatuetas de mármore e bronze, fundidas num compasso inquietante
chamas ávidas por sol e mar lambiam as trovas e beijavam o chão batido de estrelas

fruta doce foi o nome que teus olhos deram a meus lábios e aos espaços da minha pele
como se eu fosse flor teus braços cheiraram cada pétala e lágrima de festejo
no samba do peito meu ecoou a infinitude da força do amor nosso, brisa matreira dadora de fulgor
n'algum lugar comum nos tornamos a coreografia e o frescor dos finais de tarde 
um chamamento viril aquecera nossos ouvidos e o pulsar do peito amante - torpor

as mãos, nossas, formaram um laço de encantamento e aconchego  suave
como luzeiros, que ao longe picelavam de primavera os dias que passamos juntos, houve cantar
pedaços da noite vestiram-se de luar e sons trazidos por nossas raízes primeiras acarinharam os instantes
das imagens cintiladas por ouro e ébano brotaram corredeiras e vales embebidos de amor
caos e fôlego mergulhados no prazer e encantamento tomaram os degraus e as passadas inebriantes do nós

um tal dia
e todos os outros



Um comentário:

  1. Um tal dia, um carinho e um afago. No outro dia um abraço

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