23 de setembro de 2018

Orvalho... é manhã

Notícias da ausência tua nos meus dias transitaram pelas paredes rotas dos mausoléus
Palavras espaças encobriam as frieza de estar sem a presença de teus olhos nos meus jardins
Mares inquietos e tempestuosos abrigaram as lembranças dos momentos em que teu sorriso brindava à noite e aos abraços nossos

Fecho os olhos e retorno à dança daquela noite... tuas nãos tocaram as águas com sutil desvelo
Retalhos delicadamente desenhados em folhas d’ouro e papiro; perfume das estações em que nossas almas foram pérola
Uma travessia pelo mundo regada a porões, valsas, estrelas cadentes, lágrimas e chuva temporã

Abro os olhos e uma página em branco, marcada por febris respingos
Orvalho... é manhã.


By me @sarahagsilva

22 de setembro de 2018

Hoje

Algum dia disseram a ela que seus olhos eram capazes de revelar novos mundos
Disseram que as palavras rotas seriam incapazes de descrever o brilho das gotas de mel - sorrisos
Sutilmente fizeram dos seus passos veredas primaveris e arquivaram os invernos numa singela intenção de afago

Algumas vezes olharam para suas mazelas e disseram haver uma atmosfera divina na lágrima que caía
Olharam para seu peito aberto e suas mãos num eterno chamamento e incendiaram as esperanças
Sutilmente pintaram de indiferença e frieza as chaves costuradas à barra dos vestidos de algodão cru e cheiro de lavanda

Algum dia... e voltariam.
Ela não estava mais lá. Abandonou aquele lugar ainda impregnado por memórias e cartas sem resposta
Ela decidiu vestir a noite em estrelas e canções cadentes, enfeitar su’alma com gotas de mar e amores miúdos

Amanhã (hoje)


Me and my poetry


16 de setembro de 2018

A descoberta

Os momentos seguintes foram tomados por um certo torpor, como se todas as percepções anteriores tivessem sido colocadas em gavetas trocadas, como se os pés, outrora certos dos trilhos a percorrer, agora só enxergassem a névoa diante do caminho...

As palavras se emudeceram e esconderam as mãos, que antes buscavam por pele e calor... haviam descoberto que sempre pertenceram ao coração do outro? Tudo estava à frente de seus tolos corações e não perceberam?

As faces enrubescidas guardariam por dias a expectativa do encontro fortuito, do abraço infindo num instante que não se repetiria, e reverberaria por era e universos. Eles não faziam idéia de como seria... um dia.



@sarahagsilva